A Ecologia no Paisagismo - novos olhares ao jardim

A atual cultura mercadológica predominante no Paisagismo pouco considera os impactos que os jardins provocam na natureza. É preciso superar o caráter estritamente ornamental dos jardins, abrindo a mente para enxergar as relações existentes e potenciais dos elementos que o compõem e do seu entorno.

Assim, podemos selecionar e configurar os elementos de forma que o todo promova mais impactos positivos do que negativos. Seguindo a ordem temporal das etapas para implementação de um Jardim ou Projeto Paisagístico de qualquer escala, vale considerar as práticas abaixo – especialmente se você não for contar com um apoio especializado para a missão.

O Planejamento, fase mais relevante do processo, carrega a maioria das decisões que vão influenciar no nível de impacto que o jardim irá exercer no meio ambiente.

Primeiro, é necessário observar muito bem os espaços, ponderando fluxos e posicionamento dos ventos, do escoamento das águas de chuvas e da iluminação solar ao longo das diferentes estações do ano. Isso proporcionará uma compreensão mais completa do ambiente e evitará a configuração inadequada dos elementos, o que pode acarretar em futura necessidade de reformas para adequação. A familiarização com métodos de design da Permacultura podem contribuir para uma boa leitura prévia dos espaços.

Outra tarefa de grande importância é a seleção das espécies de plantas. Priorizar espécies nativas é uma forma de valorizar a biodiversidade regional, além de desempenhar funções ecológicas como atração de animais polinizadores. Algumas plantas nativas que podem ser facilmente encontradas em gardens, viveiros, lojas de jardinagem e áreas seminaturais (beira de estradas, terrenos baldios e margens de represas, córregos e lagos) são: margaridinha (vedélia), alamanda, columéia-peixinho, íris-da-praia, guaimbê, flor do guarujá (chanana), onze-horas, grumixama, cipó de São João, pacová, brinco de princesa, flor-de-maio, ipoméia, mulungu (eritrina) e juçara.

Outro critério de escolha pode ser a multifuncionalidade de certas espécies vegetais: plantas terapêuticas, comestíveis e aromáticas também podem embelezar os espaços! Alguns exemplos são: cúrcuma (açafrão-da-terra), lírio do brejo, maracujá, guaco, abacaxi, cana-de-açúcar, alho, cebolinha, vinagreira, mandioca, batata-doce, hibisco-colibri (malvavisco), taiobas, gengibre, pimenteiras, inhame, araruta e aromáticas no geral (manjericão, tomilho, alecrim, capim santo, limonete, melissa, poejo, lavanda e outras). Vale considerar também, por exemplo, a inclusão de uma Espiral de Ervas para aproveitar melhor o espaço e trazer um perfil de canteiro diferenciado ao projeto.

Existem ainda alternativas menos conhecidas para reaproveitar materiais descartados durante a operação de outras estruturas, evitando disposição final inadequada. As águas cinzas (águas de baixa contaminação provenientes de pias, duchas e da lavagem de roupas) podem ser encaminhadas para Círculos de Bananeiras, que as purifica ao mesmo tempo que produz bananas e outros alimentos. Já os resíduos sólidos de cozinhas e refeitórios podem ser transformados em adubo orgânico em Composteiras isoladas ou associadas a canteiros do tipo Buraco de Fechadura.

Na Implantação projeto, além de apostar na inclusão de recursos presentes no local (como rochas e troncos), prioriza-se a adoção de insumos orgânicos pois a produção de agroquímicos causa forte degradação ambiental.

Já os manejos de Manutenção devem perseguir insistentemente a cobertura do solo – seja com plantas de forração, seja com Mulching (matéria vegetal seca que recobre o solo, podendo ser aparas de grama, casca de pinus, palha de côco, casca de arroz, poda triturada ou palhada em geral). Como nos ensinou Ana Primavesi, precursora das bases científicas da Agroecologia no Brasil, deixar o solo nu é prejudicial para a saúde das plantas.

E se o seu jardim ou projeto não foi construído com estas premissas, fique tranquilo pois sempre é viável redesenhá-lo, em algum grau, de forma que sintonize mais com a ecologia local – seja por conta própria ou com ajuda profissional.

Por fim, a mensagem que fica para os Jardins contribuírem mais para a regeneração do que para a degradação ambiental é integrar e diversificar conhecimentos que trabalham com a natureza – e não contra ela.

 

_ por Diego Blum

Tem um projeto, um sonho ou precisa de um orçamento rápido?

Ligue ou mande uma mensagem