Arborização urbana e sociedade

Angico Rajado sob manejo
Angico Rajado sob manejo
Árvore deteriorada em risco

            Árvores representam um dos maiores geradores indiretos de renda atualmente. Os benefícios que trazem são tão importantes que, após o desmatamento e a supressão de árvores isoladas em meio urbano, rapidamente os gastos públicos aumentam exponencialmente. 

 

            Vejamos alguns exemplos:

            A redução da temperatura e dos efeitos nefastos da impermeabilização das cidades, intensificados quando há muita verticalização – muitos edifícios por área – só é eficientemente realizada por esses seres. Sem elas, os gastos com uso de ar condicionado em carros e imóveis, que torna-se absolutamente imprescindível, passam a beirar o absurdo.

            Enquanto uma árvore grande, capaz de evaporar até 400 litros de água por dia – o equivalente à cerca de 5 aparelhos de ar condicionado médios funcionando por 20h diariamente (!) – refresca e umedece o ar, o ar condicionado atua de forma oposta, e é dispersor de agentes causais de doenças – afinal, quem gostaria de respirar o ar de um ambiente fechado com dezenas de pessoas após experimentar os sórdidos anos sob crise epidemiológica global que vivemos?

            Curiosamente, o próprio sombreamento do asfalto proporcionado por elas trata de conservá-lo, o que representa uma economia de R$15 por metro quadrado ao ano. Já imaginou quanto ficaria essa conta em uma cidade com centenas de milhares de m² asfaltados? E se esse valor fosse investido em saúde, educação, qualidade de vida, ou ainda isenção de impostos para os cidadãos?

            As enxurradas são historicamente uma constante nas cidades como São Paulo e muitas outras, e chegam a ser até catastróficas. O fato é que o sistema radicular (as raízes em seu conjunto) de árvores como a Sibipiruna criam galerias de infiltração de água no solo e ali tratam de retê-la. Até 60% da água nas primeiras 2 horas de chuva são absorvidas e lentamente liberadas ao longo do tempo. Isso é o que determina se serão inundadas e destruídas casas, avenidas, edifícios, comércios, e se serão arrastados carros, pessoas, animais. Já deu pra perceber quão importante é a arborização urbana?

            É evidente que existem necessidades no meio urbano – ambiente muito dinâmico e denso – que precisam ser conciliadas com a arborização. Eis o por quê de necessitar-se de um plano de arborização adequado, e, também, de um manejo idôneo. Árvores levam anos para crescer e uma única intervenção mal feita, como uma poda qualquer, pode representar a morte do indivíduo. O problema é que pessoas transitam e residem no mesmo espaço e a queda de uma árvore de grande porte passa a ser, igualmente, um grande problema.

            Podas são imprescindíveis para a adequação ao local em que estão plantadas e minimização de riscos, e precisam ser realizadas com planejamento e treinamento adequado – quem nunca ouviu falar do João da esquina que sobe em uma árvore sem segurança alguma e corta galhos grossos com um machado? Pois é, o valor cobrado por isso não está na humilde conta paga pelo contratante, mas nos acidentes em altura – um dos maiores causadores de morte e invalidez em trabalho atualmente – e nas consequências nefastas ao ambiente com uma árvore deteriorada, que põe em risco a população, além de tolher os inúmeros benefícios prestados pelas árvores.

            Cada município tem autonomia para determinar como será a arborização urbana e seu manejo – alguns repassam a tarefa para empresas terceirizadas, outras atuam em conjunto com estas, ou ainda, reservam exclusividade na prestação deste serviço. A participação popular é geralmente determinante para a proposição de políticas neste âmbito, e só é garantido um bom serviço quando há interesse e presença da sociedade civil. Engaje-se no bem estar, na economia e na saúde da região em que vive, garanta um bom futuro para sua família e comunidade, e conte conosco quando precisar.

 

_ por Mário Cadorin

REFERÊNCIAS

AGUIRRE JUNIOR, J. A.; LIMA, A. M. L. P. Uso de árvores e arbustos em cidades brasileiras. Rev. SBAU, Piracicaba, v.2, n.4, dez. 2007, p. 50-66. Disponível em: ,http://silvaurba.esalq.usp.br/revsbau/notas_tecnicas/nota06.pdf>.

PREFEITURA DE SÃO PAULO. Manual Técnico de Poda de árvores. 20??. Disponível em: <https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/MPODA.pdf>

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