Os benefícios da agrofloresta para uma propriedade sustentável

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Entre as centenas de benefícios das agroflorestas, focamos na importância de sustentarem relações sociais dignas, a produtividade e rentabilidade, e a preservação do meio ambiente.

Precisamos entender que é muito mais fácil planejar e gerir um cultivo solteiro do que um consórcio de plantas muito distintas umas das outras.

 

Mas por que agrofloresta então?

 

Porque nos dispomos à fazer muito além do que o medíocre.

Também porque existem diversas espécies que simplesmente não conseguem produzir quando cultivadas em monoculturas – a criação, por exemplo, de insetos praga é inevitável. E veja, a praga é uma condição criada pelo ser humano, quase sempre.

Mas principalmente, porque são inúmeros os benefícios, e diria além, diferenciais únicos, completamente inalcançáveis de outra forma:

  • Criação de nano e microclimas estáveis – árvores mantêm maior regulação térmica dentro do sistema e em seus arredores, além de proteger contra as outras variações climáticas mais severas, como geadas, ventos secos, impacto de chuva e granizo.
  • Maior produtividade por área (veja aqui o Índice de Equivalência por Área, se ainda não leu) – no mesmo espaço em que seriam produzidas apenas uma planta, é possível produzir no mínimo o dobro em SAFs multiestrata.
  • Resiliência frente às mudanças climáticas e fatores de risco – Árvores diminuem as perdas de água nas plantas e no solo, além da erosão eólica e hídrica.
  • Baixíssima pegada ecológica – baixa exigência de insumos externos, por se basearem em processos e não em insumos.
  • Sequestro de carbono – sistemas perenes, sucessionais, multiestrata, são responsáveis por fixar mais carbono do que emitem, o que contribui para a mitigação do efeito estufa.
  • Melhores resultados financeiros – a redução drástica da necessidade de insumos externos e o melhor aproveitamento da área com incremento de produtividade criam um cenário favorável para a rentabilidade do sistema.
  • O controle da erosão e a possibilidade do cultivo responsável em áreas classificadas como de alto risco para cultivos intensivos – o respeito ao zoneamento das classes de uso do solo é mais fácil de ser mantido, pois os SAFs podem entregar resultados iguais ou superiores a sistemas de cultivo intensivos em regiões de alta declividade, rochosas ou com outros impedimentos severos às atividades produtivas.
  • Mudança na paisagem, com destaque para a permeabilidade à fauna nativa – servem tanto como stepping stones quanto como corredores ecológicos ao conectar fragmentos florestais. São usados por aves, mamíferos, répteis, insetos, e outros animais, e com isso, o equilíbrio ecológico é preservado, evitando a geração de pragas e ataques de animais carnívoros às atividades pecuárias.
  • E centenas de outros, não menos importantes.

 

O termo “sustentável” é um clichê disseminado largamente em diversos meios, por vezes esvaziado de conteúdo. Retomamos ele para nossa abordagem sobre esse assunto: uma análise preliminar, que trate de temas diversos, de forma superficial, e que exatamente por isso possibilita aos novatos no assunto entenderem quão completo são esses sistemas produtivos, em um olhar rápido.

Sustentabilidade é econômica, é ambiental e social. Nada pode se manter ao longo do tempo se não é capaz de preservar os recursos naturais, de perseverar financeiramente e gerar riqueza, e de integrar o ser humano de forma digna.

É claro que nem todo SAF é focado em promover alta rentabilidade, isso é só mais um parâmetro que depende de vários fatores, inclusive externos, como o mercado. Por isso, se esse for o objetivo e uma necessidade básica, é extremamente importante que se tenha isso em mente desde o início da elaboração do projeto de cultivo.

Já vimos lindos sonhos morrerem cedo por falta de planejamento financeiro e por se pautarem em projetos incapazes de se pagar. É perfeitamente viável criar sistemas agroflorestais rentáveis que preservam os seus inúmeros outros benefícios.

Explicamos mais sobre o potencial financeiro das agroflorestas aqui.

O segredo, é ter o pé no chão, ou melhor, raízes profundas, e sonhando tão alto quanto as castanheiras e madeireiras nobres, de onde se pode ver tudo ao seu redor.

 

_por Mario Cadorin

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